Luanda - Limitações técnicas e financeiras, aliadas à falta de cultura, inviabilizam a prática de investigação no jornalismo angolano, disseram à VOA profissionais ouvidos a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
*João Marcos
Fonte: VOA
Há quem lamente o que considera ser uma regressão em matéria de liberdades, tendo como base o ponto de situação no sector privado, assim como problemas no acesso às fontes de informação.
Fundador do jornal Correio do Sul, fora de circulação há mais de cinco anos, o jornalista Nelson Francisco Sul, hoje em Luanda como correspondente da DW, tem no 3 de Maio uma janela para analisar a investigação no jornalismo em Angola.
“Uma boa investigação exige dinheiro, é o que não há. Também não temos esta cultura nas redações, por isso digo que a falta de aposta e a situação financeira das empresas justificam a ausência de investigação. Basta dizer que apenas dois jornais, tanto quanto sei, têm acesso ao Diário da República, documento base”, salienta aquele profissional, acrescentando que “em liberdade de imprensa estamos a regredir, não temos pluralismo na informação”.
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Opinião similar tem Ekumbi David, quadro da TV Zimbo, agora na esfera do Estado, à semelhança das outras empresas do grupo Media Nova.
David considera que a investigação exige recursos financeiros, uma situação problemática num contexto económico desfavorável, e crítica as limitações no acesso às fontes de informação.
Sobre esta matéria, Artur Fortunato, editor da Rádio Benguela, órgão da Rádio Nacional de Angola, diz que há um quadro menos complexo no sector público.
“Aqui não temos muitas queixas, são mais os não públicos, quando pretendem cruzar informações e as fontes oficiais fecham-se”,admite Artur.
Já Salesiano Pereira, jornalista da Zimbo, afirma que a comunicação social angolana não está à altura dos anseios da opinião pública nacional.
“As pessoas hoje opinam bastante, só que não encontram uma imprensa a passar as suas ideias. Devemos passar, independentemente do lado político e partidário”, aponta Pereira que diz ter visto “alguma abertura (liberdade), mas, tendencialmente, estamos a regredir”.
Refira-se que “Informação como bem público” é o lema deste 3 de Maio.
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