Brasil - O Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou na quinta-feira o embaixador de Angola no país para pedir esclarecimentos sobre a deportação de cidadãos brasileiros, assim como os aspetos legais associados ao caso, informaram fontes oficiais.
Fonte: PlatomaMedia
A convocação foi feita pelo próprio ministro brasileiro, Carlos França, ao embaixador angolano em Brasília, Florêncio Mariano.
Em comunicado, o Governo brasileiro indicou que, desde que a Embaixada do Brasil em Luanda tomou conhecimento da “notificação de deportação dos 34 cidadãos brasileiros”, manteve “permanente contacto com as autoridades angolanas para assegurar a devida proteção consular, que foi prestada em cada ocasião em que foi necessária”.
Segundo o Ministério, na noite de terça-feira, nove dos 34 cidadãos brasileiros embarcaram para o Brasil, num processo que decorreu com “tranquilidade”, através de “apresentação voluntária”, e deu-se na “presença de dois funcionários consulares brasileiros, que acompanharam o processo ao longo de todo o dia, prestando a plena assistência consular”.
“A pedido do embaixador do Brasil, foi assegurado aos demais brasileiros, que não conseguiram embarcar na noite de 11/05 (terça-feira), o direito de aguardar o embarque em suas residências”, conclui a nota do Ministério das Relações Exteriores.
Em causa está a deportação de missionários brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Os brasileiros da IURD foram notificados em abril para deixarem voluntariamente o país por terem cessado a atividade eclesiástica em Angola e, em consequência, verem cancelados os seus vistos de permanência temporária, na sequência de um ofício da nova direção angolana da IURD.
O conflito interno na IURD teve o seu início em novembro de 2019, quando um grupo de dissidentes angolanos decidiu afastar-se da direção brasileira, com várias acusações, nomeadamente de evasão de divisas, racismo, prática obrigatória de vasectomia, entre outras, todas recusadas pelos missionários da igreja criada pelo brasileiro Edir Macedo, que acusam também os angolanos de xenofobia e agressões.
Nos tribunais de Angola, depois de iniciadas as divergências entre as partes, agravadas com a tomada pela força de templos em todo o país, correm vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.
Uma Comissão de Reforma de pastores angolanos foi legitimada pelo Estado angolano, tendo a nova direção da IURD, encabeçada pelo bispo Valente Bezerra, sido eleita em assembleia-geral em 13 de fevereiro.
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