Luanda - Hoje, 25 de Abril, dia da revolução dos cravos, é o dia da liberdade em Portugal. É feriado nacional. A data celebra a revolta dos militares portugueses, dos jovens capitães de Abril, com destaque para o capitão Salgueiro Maia, que a 25 de Abril de 1974, cansados da guerra colonial, da ditadura e do fascismo, realizaram um golpe de Estado militar que acabou com o despotismo, imposto aos portugueses por Oliveira Salazar durante 41 anos. Com a mudança de regime, encerrava-se a página da ditadura e do fascismo em Portugal e dava-se início a construção da democracia. Terminava também a guerra colonial portuguesa em África.
Fonte: Club-k.net
Consequentemente, abriram-se as portas para o início do processo de descolonização e outorga da independência das então colónias de Portugal em África. Nasceram as novas Repúblicas de Angola, de da Cabo Verde, Guiné -Bissau, de São Tomé e Príncipe e de Moçambique. Assim terminava a utopia dos fascistas portugueses que sonharam construir um império de Timor ao Minho.
Ao evocarmos nas nossas reflexões, a importância histórica desta data, mergulhamos nos caminhos da procura da paz para Angola, trilhados depois da proclamação da independência do nosso país, em Novembro de 1975. Durante este longo percurso, foram assinados os acordos de Alvor e de Bicesse, o Protocolo de Lusaka e o Memorando de entendimento do Luena, a 4 de Abril de 2002.
Quarenta e sete anos depois do golpe de Estado, de salientar que entre os países africanos, falantes da língua de portuguesa, apenas Cabo Verde e São Tomé e Príncipe consolidaram a democracia interna e fortaleceram o papel das instituições democráticas, na base da alternância do poder político e na separação de poderes. Os restantes países continuam mergulhados num clima de instabilidade política e conflitos cíclicos internos, minados por golpes de Estado, fraudes eleitorais, má governação, instabilidade, corrupção, arrogância e intolerância política.
Angola que não foge a regra, vive o calar das armas há 19 anos. Os dirigentes angolanos devem envidar esforços no sentido de transformar o calar das armas em paz social. Deve-se estabelecer o diálogo nacional, entre as forças políticas para a construção dos fundamentos de um verdadeiro Estado Democrático de Direito. Deve-se institucionalizar a cultura do diálogo e da paz.
Luanda, 25 de Abril de 2021
Alcides Sakala
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