Luanda - Quem pode descrever, escrever, contar, esmiuçar, esclarecer correctamente , sem dose de exagero, os acontecimentos do 27 de Maio de 1977, acho ser caso de grande interesse nacional.
Fonte: Club-k.net
Naquela época eu tinha 17 anos de idade e fomos nós (na JMPLA) na Huila, enquanto estudante da escola " Marquês", 5° classe que recebemos Nito Alves no Lubango uma semana antes do 27 de Maio.
Só não ficamos implicados nisto porque tínhamos no Lubango, bairro João de Almeida, por detrás da terceira esquadra (agora quarta esquadra) policial o nosso kota Dr.Jaques Matos Gala, que naquela altura era professor (ciências sociais) da escola Secundaria Marques e era igualmente dirigente da JMPLA que nos tinha advertido para ficarmos atentos e não aceitarmos a corrente de Nito Alves.
Nesta altura me apercebi que Jerónimo (Quipungo) que era primeiro Secretário Provincial da Huila da JMPLA morria no hospital Central presumivelmente envenenou-se quando viu-se pressionado.
Lembro-me que alguns dos meus amigos e conhecidos desapareceram, presumindo-se terem sido levados nas caladas das noites na fenda da Tundavala. naquele local a olho nú ve-se que jazem muito mas ossadas humanas dos fuzilados no fraccionismo e outros por serem da UNITA.
Acredito que a fenda da Tundavala ainda funcionou nos acontecimentos pois-eleitoral de 1992. Muitos angolanos (Lubango) foram fuzilados ali e atirado naquele buraco. Por esta e outras razões, sobretudo porque a fenda da Tundavala é patrimônio histórico do Namibe (Bibala) deve ser intervencionado a patrimônio histórico.
Acho que é chegada a hora de orarmos os nossos mortos quer os fuzilados pelo MPLA, UNITA, FNLA quer ainda os actuais "vivos-mortos" perseguidos pelo executivo de João Lourenço.
É chegado finalmente o momento de desfazermos as valas comuns existentes em Angola, ressarcir a sociedade angolana os valores morais e caminharmos para frente como irmãos sem mais ressentimentos políticos.
Os governadores provinciais em nome do executivo devem seguir o exemplo positivo do Presidente João Lourenço, a este nivel pedir e publicamente desculpas pelas matanças havidas, assumir o compromisso de atribuir boletins de óbitos a mais viuvas e aos órfãos das vitimas dos nossos pecados.
Se a história do nosso passivo for bem contada e escrita servirá de futuro estimulo para nunca mais atitudes iguais não voltem a acontecer no pais.
Quero aqui render também homenagem ao kota William Tonet que durante muitos anos foi o jornalista que apesar das perseguições abordou sem tabus o caso "27 de Maio", inclusive usava a camisola com a cara de Nito Alves numa vam atitude permanente de fazer recordar aos governantes angolanos sobre este passivo.
Kotas Tonet fizeste um bom combate e estas de parabéns, foi um activismo exemplar e os angolanos agradecem.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará: "Jesus Cristo". Estamos juntos!
Armando Chicoca
from CLUB-K https://ift.tt/2TlFC1z
Sem comentários:
Enviar um comentário