Luanda - A cidade do Lobito, tal como outras por esta nossa Angola dentro, é bem o exemplo do que tem sido o desastre das políticas de governação e de gestão de quem está no poder faz 45 anos até no tratamento de questões pontuais, pequeninas, como tapar um buraco numa via. Por mais competentes que sejam os governadores ou administradores, continuando nesse modelo de dependência na afectação de recursos financeiros, nenhum terá capacidade para resolver os muitos e complexos problemas que afectam a vida das municipalidades e dos seus habitantes. No mundo tudo evoluiu, mas, infelizmente, continuamos como que, na idade média: convivemos com o lixo, com a poeira, com a falta de água, com a falta de tudo o que é básico. Nem uma rua se consegue limpar.
Fonte: Club-k.net
Alterar esse quadro de descaso e de desgoverno, passa por mudança profunda e ela deve iniciar, obrigatoriamente, com a transferência do exercício do poder dos políticos para a gestão dos munícipes, uma questão fundamental no funcionamento do Estado Democrático e de Direito. Mas, infelizmente, quem detém o poder continua com dificuldade de perceber que a solução para os problemas que nos afectam não passa por governar o País a partir de Luanda nem pela cor da camisa política. O fim último da política é o melhor servir.
Todos, devemos estar mobilizados e identificados com a causa comum e não dos partidos. Não é assim que as coisas funcionam porque na maior parte das vezes, quem até nos pede para sermos participes representa um partido e a nossa intervenção, depois até serve para a promoção do partido de quem representa. E por isso, nem todos alinhamos nesse jogo.
Na sequência deste 'conflito' tudo está a ficar cada vez mais complicado e não há indicadores de que esse quadro negro sofrerá qualquer alteração. Enquanto isso, o nível de degradação da condição de vida das comunidades e das infra-estruturas continuará a agravar-se. E faltam soluções locais, porque quem diz que não tem dinheiro para atender as necessidades dos municípios, tem medo de se libertar desse pesado fardo. Porque a ambição de se manter o poleiro do poder vai para além da necessidade real, efectiva, da resolução dos nossos problemas e da sobrevivência digna da maioria. E é esse ego e arrogância política que, lentamente, está a conduzir o País para o abismo, para a ruína.
Um exemplo de que a solução de grande parte dos nossos problemas está no engajamento (ou casamento) da sociedade, distanciada dessas influências políticas e partidárias destrutivas que têm minado a efectiva reconciliação dos angolanos, está a ser dado pelos integrantes do Rotary Club do Lobito. Para além da solidariedade que têm prestado aos mais desfavorecidos com doações de alimentos, utensílios, medicamentos e obras sociais de apoio à terceira idade, actividade que faz parte das suas acções permanentes, recentemente, engajaram-se noutra grandiosa empreitada contribuindo para devolver ao Lobito a dignidade que tem sido 'roubada' pelo falhanço das políticas de quem nos governa e do reflexo da falta de autoridade. Numa intervenção de grande profundidade, com meios humanos e equipamentos mobilizados por esse abnegado grupo, para além da poda de árvores que tombaram por acção das chuvas, foram removidos até terça-feira (18) lixo que encheu 186 camiões com capacidade para transportar 11,5 metros cúbicos, particularmente na faixa costeira do bairro do Compão.
É de facto integrante que um País e neste caso, uma cidade, que tem nas suas belas praias um grande postal de referência, esteja a transformar essas áreas balneares em depósitos de lixo. Claro que o cidadão deve fazer a sua parte cívica, até porque é ele quem produz o lixo. Mas, quando ele não faz, alguém deve fazer-lhe sentir que a solução, ainda que faltem os contentores, não é transformar as praias em lixeiras. Falta autoridade e responsabilização.
Mas, o Rotary Club do Lobito está igualmente preocupado com o "desastre" ambiental que se observa na Baía, com a prática da pesca de arrasto que tem impacto no ecossistema da região. Todos os dias, referem, por volta das 19 horas, dezenas de chatas carregadas de redes de malha fina fazem pesca. "Aquilo é um horror porque só sai filhotes de peixe recém nascidos e desse jeito o ecossistema fica comprometido e amanhã, predadores como tubarões serão forçados a vir à costa procurar alimentos. Façam alguma coisa senhores. Não coloquem em risco a vida das próximas gerações" - alertam.
Mas alertar quem, se os interesses "graúdos" no sector das pescas envolvem quem está lá em cima e é lá onde e se sobrepõem ao interesse nacional? O que se passa nos nossos mares, com a pesca até de espécies protegidas, não é só um horror maior mas um crime que não deve continuar e se necessário envolvendo organizações internacionais de defesa do ambiente. As pescas são um negócio que rende muitos milhões de euros e dólares diários, que fogem ao controlo do Estado. Provavelmente por essa razão, os fiscais, sem meios (quase todos avariados), estão nem aí para essas pequenas embarcações que pescam na costa. Porque os verdadeiros 'tubarões' estão em Luanda, no bem bom, perfeitamente identificados e ninguém os toca.
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