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domingo, 25 de abril de 2021

“Se o Kant fosse angolano“ - Lazarino Poulson

Luanda - Emmanuel Kant ( 22/04/1724- 12/02/1804) nasceu em Königsberg (Prússia ), onde nunca saiu até a sua morte. Provinciano circunstancial, Kant alcançou, entretanto, um incrível pensamento universal.

Fonte: Club-k.net

Considerado por muitos como o Pai da filosofia moderna, Kant, um zeloso professor universitário, é aclamado mundialmente graças as suas intemporais e impactantes obras, designadamente: “ Crítica da Razão Pura” ( 1781). “Crítica da Razão Prática” ( 1788), Crítica do Julgamento ( 1790) e o “Fundamento da Metafísica dos Costumes” ( 1785) entre outras obras memoráveis.


Kant, para além de ser dos mais brilhantes pensadores de todos os tempos, era um homem metódico, de hábitos peculiares e invariáveis. Dizia -se que “ era acordado todos os dias às 5h da amanhã pelo seu criado Martin Lampe e o passeio que fazia religiosamente as 15.30 era tão pontual que as suas vizinhas domésticas acertavam os relógios por ele”.


Porém, Kant só despertou para a filosofia aos 46 anos, quando leu a obra do filósofo naturalista escocês “ David Hume”.


Entretanto, Kant, depois de ler cuidadosamente a obra de Hume, ficou 10 anos a degiri-la e a desenvolver a sua pungente filosofia.

 

Vale a pena, por isso, destacar que o assombro filosófico de Kant começa com a “ Crítica da Razão Pura” em 1781- um dos livros mais importantes da filosofia moderna.

 

Mas aqui trazidos, coloca-se a questão de saber, se Kant fosse angolano e tivesse que excogitar o cenário actual o que diria esse pensador moralista do século XVIII?

 

Para extrapolar e fazer uma intertualização da filosofia kantiana no quotidiano angolano, dividiria o quadro de análise em quatro perspectivas, a saber: política, jurídica, económica e social.

 

No que tange a perspectiva política, Kant diria que o imperativo categórico.

 

“ age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma lei universal”, não está a ser observado.


Em boa verdade, o cenário político angolano daria um excelente material de estudo para qualquer filósofo ocidental e faria crescer cabelos aos meditadores orientais, bem como tem causado calafrios as mentes africanas.

Mas afinal o que tem a realidade angolana de tão transcendental que aguçaria a concupiscência dos mais sublimes pensadores ?

Muito.

Desde logo, a sua contradição insanável e amadorismo escancarado.


O cenário actual difuso produz mensagens confusas que daria combustível para filosofar.

- O imperativo político actual não é categórico, diria Kant, no alto da sua cátedra diria que o vigora hoje é o “ imperativo hipotético “. Os valores morais que a política actual atinge passam ao lado do conceito de dignidade da pessoa humana universalmente aceites.

Na perspectiva jurídica, destacaria a revisão constitucional em curso, onde questões consolidadas na doutrina e no direito comparado ( a soberania dos juizes) estão a ser postas em causa, desafiando e afrontando o imperativo categórico kantiano.


Kant, seguramente, diria que o legislador angolano age como se fosse o centro do universo ”.


Aqui , a máxima universal de Kant está a ser capturada e numa tentativa vã, ou por puro engano tenta-se converter a “Constituição da República de Angola de 2021” numa pretensa lei universal. Ledo engano! Não é, não pode ser! Kant diria que se a soberania do juizes não ficarem intacta, a Constituição não passará de um “imperativo hipotético “.

Na vertente económica, Kant moralista convicto que era, convidaria, seguramente, John Maynard Keynes ( 1883-1946), ao invés de Adman Simith (1723-1790) ou Milton Friedman ( 1912-2005), para fazer lembrar que precisamos mais de justiça social, com uma presença forte do Estado, do que liberalismo ou neoliberalismo económico. Reprovaria o PROPRIV e diria que as privatizações massivas são precipitadas e inoportunas. Diria, sem pestanejar, que ainda é cedo para o neoliberalismo. Sobretudo quando a tendência mundial é de intervenção dos Estados nas economias neste período de pandemia. O Programa de privatizações em Angola foi apanhado na contra-mão da conjuntura económica mundial adversa causada pela pandémica. Kant sugeria uma rápida inversão da tendência liberal actual para mais presença do Estado até uma ulterior acalmia no período pós-pandemia. Contudo, sem deixar de ser contraditório e escapar a contraproducência, desaprovaria a apropriação inoportuna de bens e de empresas privados, como temos assistidos “impávidos e serenos”.

 

Na vertente social, a filosofia kantiana aconselharia ao Executivo coerência: “ Não combater o empregador sem acautelar os postos de trabalho dos empregados; não desvalorizar a moeda, sem valorizar o trabalho”.


O Kant reprovaria a falência social promovida pelo próprio Estado.

 

Por isso, se o Matin Lampe ( personagem histórica verdadeira ) , não fosse o Ngangula ( personagem histórica “mitológica” ) já o Kant angolano e não “ agolanizado”, acordaria a hora certa e cruzaria com uma qualquer zungueira, sempre a mesma hora, e reiniciar-se-ia tudo em Angola!

Assim, o Kant angolano, despertar-nos-ia para filosofia aos 46 anos ( idade da nossa independência), impor-nos-ia o imperativo categórico e entraríamos no segundo, no minuto, na hora e, quiçá, no século certo!



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