Madrid - Estaremos todos de acordo que o mês de Março, deste ano, abriu-se como nunca o tinha feito. Num País onde as mulheres para muitos são reduzidas a nada, onde muitos se aproveitam das suas condições de privilegiados para usar e abusar do poder sem esperar que ninguém sequer ouse parpadear diante deles. Aconteceu o inesperado. Tal como aconteceu com David contra Golias. Tudo aponta que estamos no princípio de uma nova Era onde os assédios, o desprezo às mulheres, o machismo e o feminicídio atroz, silenciados durante muitos anos pela heteronormatividade, inclusive em altas esferas a nível do mundo, como foi o caso de Hollywood, onde se destapou o grande assédio sexual que sofriam muitas mulheres, através do movimento “MEE TOO”, em 2017, dando voz às mulheres e força ao “NÃO”, a essa negativa que, por Direito, temos todas as mulheres inerentes a nós, usando da nossa profunda e legitima liberdade, que nos permite eleger com quem estar, sentar-nos e, entre outras coisas, ter relações. É esse “NÃO” que agora chega a Angola estreando o “Março Mulher”.
Fonte: Jornal Kwanza
A atitude da jovem Nelma marca, desde logo, o início de uma etapa; uma era em que todas as mulheres angolanas devemos estar orgulhosas, devemos por fim perder o medo ao famoso “SABES QUEM SOU EU?” e dizer “NÃO quero”, “NÂO vou”, sou livre! No meu corpo mando eu, decido eu e ninguém mais.
Não se pode permitir como sendo normal, o facto de muitos homens, por ostentarem certos cargos públicos, abusem da sua condição de superioridade para fazer com o corpo de algumas mulheres o que lhes apraz, abusando da vulnerabilidade de muitas delas, da situação de completa inferioridade, devido a aspectos como a falta de emprego, as altas cargas familiares, a necessidade de se financiar uma formação superior e não só, empurradas pela resposta nula que o País pela situação que todo mundo já conhece, não dá e que obriga a muitas jovens mulheres a caírem no nepotismo e arrogância do “TU NAO SABES QUEM SOU EU?” permitindo qualquer abuso contra o seu corpo.
Neste “Março MULHER”, por fim, uma jovem mulhe deu a cara por todas nós e disse: “BASTA”. Disse bem alto: “NÂO”, tu não mandas em mim e muito menos manda em mim a tua posição social.
Estou sumamente feliz e orgulhosa. Orgulhosa desta nova geração de jovens, decidida, empoderada e feminista. Essa geração que não permitirá que se lhes chame despetivamente, reduzindo-a a nada através de expressões como “Manga de Dez” ou “Catorzinha”. Essa geração vai preferir estar só que mal acompanhada, como se diz na gíria, em lugar de estar resignada a ser a segunda, terceira, ou até mesmo a quarta mulher de um polígamo, arrogante, corrupto, machista que baixo nenhum conceito aceitaria a poliandria, porque entendem que um homem pode ter várias mulheres, mas uma mulher não pode ter vários homens, sob pena de ser chamada à praça pública e quase passar pelo mesmo que Maria Madalena.
Este é mês de Março especial, é único. Espero que passe para a História e marque o início de um grande movimento feminista no nosso País. A pátria pede-nos Seriedade, a luta de uma é a luta de todas nós. Viva a mulher angolana!! Viva o Março Mulher 2021!!
Os meus parabéns, Nelma!! Muito Obrigada, minha querida irmã pela coragem e por este “NÂO”.
“Não aceites nunca que um homem te diga o deves ou não deves fazer” – MADONA
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