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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

1974 – 1977, A descolonização dum jovem huambense - Assis Capamba

Lisboa - Putos! A partir de hoje já podemos tomar banho na piscina, disse em voz alta Mário Jorge, jogador vedeta do Ferrovia de Nova Lisboa, ao lado de outros grandes jogadores como Arlindo Leitão, Silva Neto, Manecas Leitão, António Garcia e outros jogadores, brasileiros incluídos, que abrilhantavam o Estádio dos Curicutelas do Huambo.

Fonte: Club-k.net

Nós os putos que jogávamos na categoria de júniores a quem era dirigida a palavra não compreendemos a mensagem. Duvidámos que o Sr. Vasco, responsável pelo roupeiro e pelas instalações do Clube permitisse este desejo de Mário Jorge. Vendo-nos incrédulos ele rematou: “vocês não sabem do golpe de Estado ocorrido ontem em Portugal? Agora seremos nós, os Angolanos, a dirigir os nossos próprios destinos”.

Foi assim que comecei o meu baptismo político. Anos antes, ainda garoto, segui a fuga do meu primo Samuel Martinho Epalanga e do seu amigo Mateus Gregório Mateus, depois Catalaio, para as matas. Antes de partirem, tinham por hábito frequentar a nossa casa para dactilografar vários documentos e conversar com o meu Pai sobre assuntos de natureza política. O meu pai Tertuliano Raúl Capamba, anos mais tarde fez parte do Governo de Transição de Angola. Do Huambo também estiveram no Governo de transição o seu colega da Missão de Inquéritos Agrícolas de Angola, Silva Miguel e o tio Ribeiro Chitekulo. Como o meu Pai trabalhava frequentemente no campo pela MIAA, eu, na sua ausência, é que me ocupava de vigiar as redondezas enquanto o meu primo e o Catalaio massacravam as teclas da máquina de escrever. Assim que a PIDE deu conta da sua fuga, prendeu o irmão mais velho do meu primo, Tiago Martinho Epalanga e outros membros identificados com o grupo foragido. Tudo isto me veio à mente ao ouvir religiosamente as palavras do Mário Jorge. Eu na altura tinha 15 anos de idade, além do futebol no Ferrovia frequentava o curso geral de eletricidade na Escola Industrial e Comercial Sarmento Rodrigues de Nova Lisboa. A conversa com Mário Jorge foi numa sexta-feira à noite porque os treinos eram feitos no período noturno. Na segunda-feira seguinte, nas escolas e em todas as instituições públicas, não se falava de outra coisa a não ser o Golpe de Estado em Portugal e a Revolução de 25 de Abril. Começaram assim as discussões políticas sobre o futuro de Angola na Cidade de Nova Lisboa. A Emissora Oficial de Angola e a Rádio Clube do Huambo começaram a emitir músicas revolucionárias ligadas ao Partido Comunista Português, entre elas, a Grândola Vila Morena de Zeca Afonso, o símbolo da Revolução de Abril. Nós os estudantes e as populações em geral começamos a posicionar-nos politicamente apoiados pela escuta do programa “Angola Combatente” do MPLA, emitido a partir de Brazaville no Congo e do programa ”Liberdade e Terra” da FNLA emitido em Kinshasa no Zaïre, que deixaram de ser clandestinos. De repente apareceram vários partidos políticos a juntar aos então conhecidos FNLA, MPLA e UNITA, que estavam nas matas e ainda não tinham feito tréguas com o Movimento das Forças Armadas português. Nessa altura os partidos destacados a nível nacional eram o PCDA – Partido Cristão Democrático de Angola de Ndongala Garcia, MOPUA – Movimento Popular de Unidade de Angola, o MDA – Movimento democrático de Angola, a FLEC – Frente de Libertação do Enclave de Cabinda liderado por Nzita Tiago, a FRESDA – Frente Socialista de Angola, o FRA – Frente Revolucionária de Angola, a UNA – União Nacionalista Angolana do Engº Angelino Alberto e, para nós do Huambo, o MDH – Movimento Democrático de Huambo e a FUA – Frente Unida de Angola do Engº Fernando Falcão. Neste período, a principal figura política no Huambo era o General António Spínola a quem se ligava o fim do regime fascista de António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.

 

O ano lectivo 1973/74 continuou normalmente até ao mês de Junho sem a presença dos Movimentos de Libertação Nacional. Entretanto, os militares angolanos filiados no exército português na região do Planalto Central começaram a desertar e a reforçar as fileiras da UNITA, como foi o caso de Alferes Valdemar Pires Chindondo da companhia de Cavalaria e Dragões. O mano Pires, era para muitos jovens da minha época, principalmente os da Igreja Evangélica Congregacional de Angola, o símbolo do sucesso da Missão do Dondi porquanto, ainda miúdo órfão de pai, tinha granjeado respeito por ter sido um estudante muito inteligente e de boa educação. A sua ida para a UNITA e consequente participação nos Acordos de Alvor entre os três Movimentos de Libertação e Portugal, motivou vários jovens a dirigir-se para Massivi, província do Moxico onde se encontrava o Centro de Treino Militar da UNITA.

A UNITA foi o primeiro Movimento de Libertação Nacional a chegar à Cidade do Huambo depois de ter assinado um acordo de cessar fogo com o Exército Português em Junho de 1974. Este protocolo permitiu a livre circulação deste Movimento pelo território nacional. A primeira delegação a chegar ao Huambo utilizou o comboio da Companhia Ferroviária de Benguela, CFB, simbolizando o fim da Guerra porque durante a luta de libertação um dos principais focos da propaganda da UNITA era a sabotagem da linha férrea que transportava mercadorias para a Zâmbia e para o Zaïre. A delegação era chefiada pelo Secretário Geral da UNITA Miguel Nzau Puna e pelo meu primo Samuel Epalanga. Antes de chegar à Cidade do Huambo pararam na Estação de Santa Iria, na zona industrial da CUCA, onde uma grande multidão das populações dos bairros da Vila Graça, Chiva, S. Bartolomeu, Bomba Alta, Utalamo, Calilongue e Capuacata do famoso Recinto Recreativo “Caferveu”, os receberam carinhosamente. Meses depois, quando chegaram ao Huambo a FNLA e o MPLA, depois de eles também terem assinado acordos de cessar-fogo com o Exército Português em Outubro de 1974, já a UNITA estava enraizada na cidade, principalmente nos Bairros suburbanos.

A FNLA foi o Movimento destes dois últimos a chegar com maior força tanto em número de militares quanto em logística. Vinha com autocarros, vários carros de transporte de militares, vulgo Jeeps, que circulavam quase em igual número ao das Forças Portuguesas e como dispunha de muitos meios económicos começou a comprar vários imóveis na cidade para habitação dos seus membros e não só. Foi neste clima que vivíamos no Huambo que os Partidos partiram para os acordos de Alvor quando Portugal decidiu que apenas os Movimentos de Libertação armados eram os legítimos representantes do Povo Angolano e como tal deveriam participar no processo de descolonização de Angola, excluindo os restantes que acima citei e que vinham mobilizando desde o 25 de Abril de 1974. Assinados os Acordos de Alvor, já com a tendência de influência ideológica comunista, o Alto Comissário para Angola, Almirante Rosa Coutinho, que representava Portugal, começou a negociar unilateralmente a transferência de poder para o MPLA por achar que este representava a continuidade do sistema português e, segundo as suas palavras, por achar que os dirigentes deste Movimento eram os mais cultos, tinham os hábitos e cultura portuguesa e gostavam de comer à mesa bacalhau e sardinhas, como os portugueses. Entretanto, após a formação do Governo de transição de Angola, a FNLA e o MPLA transportaram para os centros urbanos as suas divergências do tempo da Luta de Libertação que rapidamente se transformaram em conflitos militares. A paz deixou de reinar na Cidade de Nova Lisboa e começou a luta pela disputa de simpatizantes de cada Movimento exigindo das populações a apresentação de documentos de filiação de determinado Partido. Nesta altura, apresentar um documento contrário a um Partido podia significar a morte ou outras sevicias. Os que tinham habilidade para esconder o jogo andavam com os cartões dos três Movimentos, mas tinham que ter muito cuidado para não trocar os cartões ou ao responder aos Militares que utilizavam os termos “companheiro”, “camarada”, “maninho” ou “irmão”. Regra geral, era preferível, caso não se conhecesse o itinerário a seguir, andar sem identificação e improvisar diretamente no local de controlo uma mentira porque e falta de cartão partidário não significava morte e, além disso, caso se fosse preso havia sempre a possibilidade de um familiar ou amigo poder libertar-nos.

A situação política deteriorou-se de tal maneira que no mês de Maio de 1975 começou a ponte aérea de Luanda para Lisboa e mais tarde acrescentou-se Nova Lisboa para Lisboa, permitindo evacuar os cidadãos portugueses e outros.

Dois meses depois do início da primeira Ponte Aérea, em Junho, chegou a Luanda o Comandante Cubano Raúl Diaz Arguelles, chefiando o primeiro contingente de soldados Cubanos composto por 480 militares disfarçados de turistas vindos de Havana via Lisboa. Em Julho de 1975, após confrontos militares, o MPLA expulsou a FNLA de Luanda e depois dos ataques do MPLA às instalações da UNITA no prédio do Pica-Pau no Bairro do Rangel a UNITA abandonou Luanda. No Huambo, após os combates de Agosto de 1975, o MPLA foi expulso da Cidade pelas forças da UNITA e da FNLA que três meses depois, em Novembro, formaram um Governo de coligação.

Em Dezembro chegou ao Huambo o Presidente Holden Roberto para com a sua presença consolidar a coligação ora formada. Holden foi recebido com pompa no aeroporto do Huambo com o ELNA – Exército de Libertação afecto à FNLA e a BJR, Brigada da Juventude Revolucionária da FNLA a exibir um excesso de segurança com cavalaria a apoiar. Esta Coligação durou apenas um mês. A 24 de Dezembro a FNLA e a UNITA entraram em conflito militar em que entre as poucas mortes que ocorreram estava o meu primo Tiago Martinho Epalanga. A retirada da FNLA foi feita para Sul onde se foi juntar às forças da ELP – Exército de Libertação de Portugal, chefiadas pelo Coronel Santos e Castro, estacionadas na Huíla e mais tarde enquadradas no Exército Sul Africano, formando o então conhecido Batalhão 32 ou Búfalo.

O único período que vivi com apenas a UNITA na cidade, foi de Janeiro de 1976 à sete de Fevereiro do mesmo ano, data de recuo da UNITA das cidades, um mês apenas. Neste dia 7 tudo corria normalmente. Eu e o meu amigo Aníbal estávamos ocupados a montar a aparelhagem de som do conjunto musical 13 de Março, no ginásio da Escola Industrial, onde às 19 horas se realizaria o Copo d’Agua de um casamento, quando nos demos conta de que toda a cidade estava em alvoroço: populares com trouxas à cabeça, carros carregados, pessoas à procura de combustível e pessoas deambulando de um lado para o outro que afirmavam entre medos que estavam a fugir porque os Cubanos estavam a chegar à cidade. Como na altura não havia comunicações não consegui contacto com os membros do agrupamento musical: Abel e Abelinho Chivukuvuku, Isidro Peregrino Chindondo, Nino Catumbela, Artur Vicesse, Beto Epalanga, Toni Mingo e outros amigos. Cada qual queria salvar-se do inimigo desconhecido que se dizia vir com grande poder de fogo. Cerca das 21 horas, não se ouvia vivalma na cidade. Em minha casa, surpreendidos, não tínhamos qualquer plano de fuga nem conhecíamos a natureza do recuo.

Muito a contragosto decidimos ficar na cidade e para piorar a situação caiu uma grande tempestade que durou horas. Na manhã seguinte, dia 8 de Fevereiro, pelas 10 horas da manhã, vindo do Cambiote onde morava, apareceu o meu primo Samuel para saber se estávamos todos bem, dizendo que vinha buscar-nos, principalmente a minha mãe disse ele, referindo-se à nossa mãe, que pertencia à sua linhagem familiar. A minha mãe e a mãe do meu primo eram descendentes do Soba Mbila da Embala Ulondo, pormenor que só vim a conhecer nesse mesmo dia. Nós nos tratávamos de primos mas eu nunca soubera da profundidade do nosso laço familiar.

Constatando que não tínhamos combustível suficiente para os nossos carros o meu primo decidiu de outra forma: como vocês não podem sair e não sabemos quanto tempo vai durar este recuo, ao ficarem devem manter uma postura de submissão porque o MPLA não pode matar toda a gente. Comecem já por esconder todas as coisas que vos ligam à UNITA e sejam muito prudentes. Enquanto ouvíamos os conselhos do meu primo, sobrevoou uma avioneta lançando panfletos do MPLA e foi nessa altura que nos despedimos, durando a separação cerca de década e meia. Quando ele partiu, o nosso agregado familiar era composto pela minha mãe Marta Pandassala na altura com 52 anos, as minhas irmãs Madalena Georgina com 26, Maria Julieta com 22, Amélia Rosa com 20, eu e o meu irmão gémeo Mário Gentil com 17, a nossa caçula Cacilda com 15, assim como a Alice filha adoptiva da minha irmã Maria. O agregado fechava-se com os três filhos da minha irmã Madalena o Vadão, ainda Vadinho com 6 a Mady e a Lia com 4 e 2 anos respectivamente. Esta era a composição da minha família no dia 8 de Fevereiro de 1976, dia da entrada dos Cubanos no Huambo, antiga Nova Lisboa, no Bairro Académico, na Rua Silva Porto que termina no Bar da Granja.

A meio da tarde, vindas pela estrada do Bairro Benfica, entravam as tropas Cubanas numa coluna infindável de blindados movidos por lagartas que iam à sua passagem desfazendo o asfalto da estrada sem encontrarem nenhuma resistência pelo caminho. Dirigiram-se ao Palácio do Governo onde hastearam as bandeiras do MPLA e da República Popular de Angola. Uns poucos simpatizantes do MPLA agruparam-se aí para ouvir o Representante do MPLA que vinha na coluna. Entretanto os Cubanos começaram a ocupar todos os lugares estratégicos da cidade e as instalações militares. A sorte da população encontrada na cidade deveu-se ao facto de o primeiro destacamento militar do MPLA após o controlo dos Cubanos ter sido o CPPA - Corpo de Polícia Popular de Angola, chefiado pelo Comandante Adão da Silva que continuou o trabalho começado pelos Cubanos na pacificação das populações. O Comandante Adão da Silva viria a ser assassinado em Luanda depois dos Acordos de Bicesse de 1991 por se ter filiado na UNITA.

Os problemas da população do Huambo começaram quando, meses depois, começaram a chegar os militares das FAPLA – Forças Armadas Populares de Libertação de Angola e os membros da DISA – Direcção de Inteligência e Segurança de Angola que chegaram numa altura em que as populações das aldeias dos municípios circundantes começavam a regressar à cidade e já havia uma grande liberdade de movimento entre a cidade e as aldeias. A maioria dos soldados vinha à procura de troféus para levar para Luanda tais como carros, bens materiais e mulheres. Começaram por desestabilizar os bairros suburbanos e paulatinamente foram alargando o seu corredor para as aldeias que nesta altura estavam muito bem estruturadas pela influência dos refugiados vindos das cidades no recuo de 8 de Fevereiro de 1976. Por causa das humilhações e maus tratos os aldeãos passaram a esconder-se nas matas abandonando as aldeias durante o dia.

Numa das incursões das FAPLA na minha aldeia Ulondo no Chiumbo, Município do Catchiungo, antiga Bela Vista, a 17 de Setembro de 1976, às 06 horas da manhã, levaram a cabo o primeiro massacre onde, para citar apenas os membros da minha família, morreram o meu avô Marcolino Chiteque pai da minha mãe, sua filha Flora Nachimbili, o meu tio Jacob Yombi, o catequista da nossa Igreja Evangélica do Ulondo Antonino. Um dos filhos da minha tia Flora, Manuel Benguela, foi atingido por uma bala no cotovelo e conseguiu arrastar-se para as matas com ajuda do seu irmão mais novo Aureliano Chissende que saiu ileso. Os dois irmãos eram adolescentes de 16 e 14 anos respectivamente. O meu sobrinho Romualdo Joaquim Capamba, filho do meu irmão mais velho Abel Joaquim que estava nas costas da avó Flora, foi atingido por uma bala que entrou pelo braço, raspou o peito, perfurou o maxilar e saiu abaixo do olho. O Quim tinha 2 anos e ainda hoje carrega as marcas no corpo e o horror dos acontecimentos na alma. Menos sorte tiveram o meu sobrinho Mário Adelino de 13 anos de idade, filho da minha prima Sara Napamba e do Diácono da Igreja Envagélica da Vila Graça, Paulo Caluela Adelino e também o Cachucho, filho do meu tio Gideão Munjamba Major. Acções da mesma natureza foram executadas em aldeias vizinhas do Ulondo onde morreram o meu padrinho Florindo Capitando Sachiambo, seu filho Américo Sachiambo, um quadro superior, o professor Eduardo Ekundi Daniel, apenas para mencionar estes nomes. Começou assim o verdadeiro êxodo das populações para a resistência contra o Governo de Luanda. Simultaneamente a DISA, na cidade do Huambo e arredores, começou a prender toda a intelectualidade de Huambo: funcionários, pastores, trabalhadores do CFB e da CUCA e trabalhadores independentes. Alguns morreram nas cadeias como é o caso do Pastor Oliveira Balaca Salumbo, o nosso treinador de futebol José Maria Teodoro de Almeida – Murribas, e muitos outros.

Com o acontecimento do 27 de Maio de 1977, a DISA matou membros da sua própria família política com destaque para Victor M. Roque Caposso, um jovem muito inteligente da minha idade, que frequentava o Curso do Comércio na Escola Industrial e Comercial Sarmento Rodrigues.

O 27 de Maio, incluiu nas suas matanças pessoas que nada tinham a ver com o MPLA como foi o caso dos primos Alcino Satumbo Gomes e Arlindo Saúl, o mano Teodoro Sicuete do Chinguar e outros que desapareceram apenas por serem intelectuais. A partir daí, todos os cidadãos do Sul de Angola, principalmente os do Huambo e do Bié, passaram até prova em contrário, a ser conotados como Kwachas, um slogan da UNITA, com todas as consequências que daí advêm.

Foi neste contexto que passei a coabitar com o MPLA na cidade do Huambo.

Lisboa, 11 de Fevereiro de 2021
Assis Inocêncio Baltazar Capamba
Ex Representante da UNITA em França
Ex Director do Ministro de Hotelaria e Turismo

 

 



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