Luanda - O presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea) lamentou hoje a atitude da polícia, que "impediu" alguns jornalistas de acederem ao anfiteatro da Ordem dos Médicos angolana para cobertura da posse da comissão de gestão.
Fonte: Lusa
"A polícia, infelizmente, recebeu uma informação da ex-bastonária para que viesse cá impedir" a imprensa de entrar e para que "não acompanhasse" a cerimónia, afirmou Adriano Manuel, presidente do Sinmea, acrescentando: "O que nós não compreendemos porque a comissão de gestão escreveu para o comando geral e provincial da polícia".
A comissão de gestão da Ordem dos Médicos de Angola (Ormed) anunciou hoje que entra em funções a partir de quinta-feira, durante uma cerimónia de passagem de pastas, reconhecida como "atípica", sem a presença da bastonária "destituída", que decorreu no anfiteatro do órgão, em Luanda.
Apenas alguns órgãos de comunicação tiveram acesso à sala, onde decorreu a cerimónia, após intervenção de alguns médicos face ao impedimento dos efetivos da polícia nacional no local.
Outros órgãos não foram permitidos cobrir a cerimónia, situação que, no final do encontro, gerou algum mau estar, com troca de palavras entre a polícia e os médicos que se manifestaram indignados.
O presidente do Sinmea considerou que a postura da polícia "terá sido fruto de uma desinformação", mas observou ser "um assunto que pode ser resolvido com o comando geral da polícia e com o comando provincial da polícia".
"Queremos acreditar que das próximas vezes a comunicação vai fluir e que a polícia, de certeza absoluta, terá um comportamento diferente", frisou.
Em relação à posse da comissão de gestão da Ormed, que saiu da deliberação da assembleia geral extraordinária do órgão, realizado em 17 de outubro, e aprovou a destituição da bastonária, Elisa Gaspar, o líder sindical reconheceu que foi "atípica".
"Sim, isso foi uma passagem de pastas atípica, tendo em conta que a doutora Elisa Gaspar decidiu não aparecer hoje para entregar as pastas, mas de qualquer forma a comissão de gestão tem de começar a trabalhar", afirmou.
"[A comissão de gestão] vai começar a trabalhar amanhã, viemos aqui em equipa de mais de 20 médicos para apoiar a comissão de gestão e para mostrar à ex-bastonária que não são quatro pessoas, como ela [a bastonária] vive dizendo", realçou.
Para o responsável sindical, a ausência de Elisa Gaspar, na cerimónia de hoje, "foi propositada", porque a mesma "perdeu legitimidade", sublinhando que a comissão de gestão deve reunir a qualquer momento com os trabalhadores da Ordem.
Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo de bastonária da Ormed, é acusada de "descaminho de fundos e gestão danosa" da instituição, entre os quais um alegado desvio de 19 milhões de kwanzas (256.000 euros), e de "outros gastos injustificados".
A médica Elisa Gaspar nega todas as acusações.
Elisa Gaspar disse ter encontrado uma dívida de 21 milhões de kwanzas naquele órgão, garantiu continuar no cargo e avançar com duas queixas-crime contra o conselho regional norte, que promoveu a assembleia geral extraordinária, por "calúnias".
A médica, que falava à imprensa em outubro passado, sobre as acusações de desvio de fundos e gestão danosa da Ormed, situação que concorreu para a sua destituição aprovada pelo conselho norte, voltou a negar as acusações afirmando serem caluniosas.
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