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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Polícia negoceia com Corpo Clínico do Hospital sobre versão da morte de manifestante

Luanda – A Polícia Nacional negociou com o Corpo Clínico do Hospital Américo Boavida para protelar a informação sobre o  manifestante Inocêncio Matos, 29 anos,  morto a tiro por um dos agentes que no terreno foram  coordenados pelo Superintendente-chefe, Gabriel Tito João.

Fonte: Club-k.net

PN quer silêncio da família em troca de despesas do óbito

O Universitário Inocêncio Matos foi assassinado com um tiro na cabeça, quando participava na manifestação do dia 11 de Novembro que exigia melhores condições de vida e a realização das autarquias em Angola. Os seus amigos contam que o mesmo foi atingido por um tiro na testa que saiu pela parte de trás da cabeça. A polícia entretanto, negociou com o Corpo Clínico do hospital para apresentar uma outra versão de forma a não responsabilizar as forças de repressão tuteladas pelo comissário-geral, Paulo de Almeida. A versão da Policia apresentada incialmente pelo comissário Eduardo Cerqueira é de que o manifestante caiu batendo com a cabeça no chão. Agora, a  nova versão concertada entre a Polícia e o corpo clinico do hospital  é de que o jovem foi agredido na cabeça por um objecto, o que é categoricamente rejeitado pelo amigo Lopes Francisco que, no terreno,  carregou o cadáver do malogrado Inocêncio Matos.

 

Pelas redes sociais, o antigo sindicalista e  acadêmico angolano  Miguel Filho alertou que “Pelo que vi dos vídeos da manifestação sobre o jovem abatido, no local, tenho sérias dúvidas que o mesmo tenha chegado vivo ao hospital. Deus perdoe o assassino”.

 

Em reação, o médico e parlamentar  Maurilio Luiele conhecido pela sua integridade,  apresentou dados cujas as linhas se seguem:

 

“Miguel Filho não chegou mesmo. Ele entrou já morto e os médicos comunicaram isso aos companheiros que o levaram ao Hospital. Só que logo a seguir veio a Polícia e negociou com o Corpo Clínico que protelasse a informação para a família, enquanto manobravam. Foi neste entretanto que surgiu nas redes a imagem daquele indivíduo enfaixado que na verdade não era o jovem assassinado pela Polícia”.

 

A polícia, segundo este médico, “tentou negociar com família o silêncio em troca das despesas relacionadas com o óbito. E hoje aparecem com a informação de que o indivíduo morreu não por tiro, mas porque caiu de uma carrinha e aparece lamentavelmente um médico a dizer que aquela lesão podia ser por um pau ou outra coisa qualquer mas não era tiro”.

 

“Há muitas testemunhas que estiveram no local com o jovem que infelizmente serão silenciadas ou nunca serão ouvidas. Se a nossa comunicação social quisesse informar com verdade iria ao encontro destas pessoas. O jovem foi atingido a tiro e uma bala de borracha disparada a mais de 30 metros na cabeça não pode provocar morte imediata”, escreveu o Doutor Maurilio Luiele lembrando que “em relação a nossa polícia, infelizmente, já nos habituou com estas manipulações. Basta lembrar o caso do nosso colega Sílvio Dala”.

 

De lembrar que na manifestação do dia 24 de Outubro a Policia Nacional assassinou dois jovens e por conseguinte negociou com as famílias para que estas se mantivessem caladas em troca de despesas de apoio para o óbito.

 

Entretanto, o professor universitário Fernando Macedo, instou está semana ao Presidente João Lourenço para abertura de um inquérito a fim de esclarecer assassinatos cometidos pela policia na manifestação do dia 24 de Outubro. “Antes de tudo o mais, Excelência, é chocante o Vosso silêncio perante a informação segundo a qual duas pessoas terão perdido a vida na manifestação reprimida no dia 24 de Outubro do ano em curso, em Luanda, por responsabilidade de agentes da Polícia Nacional. No mínimo, deveria, Vossa Excelência, mandar instaurar um inquérito para apurar a veracidade de tal ocorrência”.

 



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