Luanda - 1. Os angolanos fizeram da política uma religião para a salvação dos seus problemas sociais e económicos. Estão, assim, convertidos a uma fé política, pelo que fizeram do Presidente da República um “salvador da pátria”. Esta ocorrência é típica dos presidencialismos, conforme descreveu o cientista político Guillermo O’Donnell.
Fonte: SD
2. Os angolanos ainda cultivam o comportamento de súbditos-cidadãos, visto que o PR fica no centro e no alto, enquanto os cidadãos ficam em baixo e em pé. Limitando-se, deste modo, a colocar as suas questões e preocupações à consideração do PR, o dito “salvador da pátria”.
Essa iconografia de poder era típica das monarquias europeias, por exemplo. Um regime democrático o cidadão tem o poder de destituir um Presidente nas urnas e manifestar-se para reivindicar os seus direitos. Pelo que acabou mesmo por estranhar essa auscultação da juventude, quando o Presidente deixou claro no discurso do “Estado da Nação de 2020” que até o Conselho da República (órgão de aconselhamento do Chefe de Estado) nada impõe ao PR.
3. O Presidente conseguiu mostrar que temos uma juventude incapaz, mas essa incapacidade é obra do “Espírito Santo” e não é resultado de uma educação ineficiente e de uma governação que não prima pela elevação do cidadão. Ou seja, mitificou a responsabilidade política da sua geração e do seu próprio partido.
4. Fica, mais vez, provado que a nossa cultura política é reduzida ao folclórico e ao espectáculo das televisões e das críticas no facebook. Porque agora é o momento de atacar os jovens e não responsabilizar quem governa desde 2002 em paz.
5. Nenhuma juventude está preparada para assumir o poder, porque a juventude não é um órgão político ou grupo de pressão social (sindicato ou movimento político). Por isso, deixem de categorizar a juventude como um corpo político quando se trata apenas de um segmento populacional.
6. Respeito os jovens que foram ao encontro com o PR, fizeram-no dentro da sua liberdade. Do mesmo modo respeito os jovens que protestam em defesa dos seus direitos. Cada cidadão é livre de tomar as suas decisões em democracia.
7. Por último, toda a representação política está na posse dos partidos político, assim dizer-se que a juventude poderá ser poder não passa de um acto ilusório e irrealista que não condiz com a estrutura de competição política em Angola."
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